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  • giuliallupo

SHE WOLF convida LANÓ

As convidadas desta semana são a dupla artística LANÓ, formada pela carioca Carolina Barbosa e a paulistana Juliana Nersessian.

O que me mais me impressiona nesta dupla é a capacidade de manter as próprias personalidades individuais, mas ao mesmo tempo criar um trabalho único que reflita ambas. Essa entrevista é um bom exemplo disso, vejam com os próprios olhos e boa leitura!

O que o seu eu do presente diria para o seu eu do passado?

Ju: Humm, muito difícil haha. Nada muito grandioso que mudasse minha forma de fazer as coisas porque acho que nenhuma frase teria esse poder. Mas acho que eu diria para não se preocupar tanto em se encaixar, que mais pra frente na vida a gente encontra nosso lugar.


Ca: Acho que nada que pudesse alterar as decisões da antiga Carolina. Porque com muitos erros e alguns acertos, foi graças as decisões dela que eu cheguei onde estou. Sou muito grata pela Carolina do passado ter decidido iniciar Lanó, por exemplo. Hoje vejo que poderia ter feito muitas coisas de um jeito melhor, mas não correria o risco de alterar meu passado e mudar meu presente. Sou feliz agora. No máximo falaria pra ela investir em alguma ação que valorizou muito hahaha.


Seu trabalho fez outras pessoas felizes?

Ju: Acredito que sim! As pessoas nos procuram porque querem nossa arte dentro da casa delas, fazendo parte do seu dia a dia, só isso já é bastante gratificante. E muitas vezes ao final do trabalho essas pessoas verbalizam o quanto estão felizes com o resultado. Também existe um outro lado que é quando pintamos na rua e as pessoas que moram ou frequentam a região se deparam com a arte, muitas vezes elas nos agradecem e elogiam. Então acho que nosso trabalho deixa os outros felizes sim!


Ca: Acredito que sim. Vejo que as pessoas que gostam do nosso trabalho se sentem muito felizes quando tem ele por perto. Acho que ele traz uma sensação boa e vejo que ele realmente transforma os ambientes. Muita gente também adora seguir a gente no Instagram porque gosta do jeito que dividido e contamos sobre a nossa rotina de trabalho.


O que vocês diriam aos artistas que estão começando hoje?

Diríamos que é importante saber que o sucesso é resultado de muito trabalho, que ele não vem da noite para o dia e que é muito importante você viver cada momento desse processo árduo em vez de tentar cortar caminho.

A sua pesquisa artística é o que faz o seu trabalho ser arte, então mergulhe fundo nesse processo.


Quando você era pequena o que queria ser quando crescesse e porque?

Ju: Eu lembro que dizia que queria ser artista, mas não necessariamente artista plástica. Acho que não sabia dizer o que especificamente eu queria fazer como artista, mas sabia que queria algo nesse meio. Na época acho que pensava mais em algo como atriz, cantora, dançarina ou algo assim porque era o que eu via na televisão e o que as minhas referências faziam hehe.


Ca: Eu sempre amei desenhar, pintar, e qualquer outro tipo de trabalho manual. E sempre tive facilidade também com isso. Então quando criança eu queria ser tudo que envolvesse desenho, como animadora de desenhos da Disney, estilista, artista… era natural pra mim a ideia de trabalhar com algo que eu fazia bem e gostava tanto


Sua família te apoiou na escolha de ser artista?

Ju: Muito! Eu sempre gostei de desenhar e quando cheguei na época do colegial a minha mãe insistiu em me colocar em um curso de desenho. Foi lá que aprendi muitas coisas e que começou a brotar em mim a ideia de fazer faculdade de artes. E mais uma vez minha mãe super apoiou essa ideia, sou muito grata por isso.


Ca: Muito! Eles sempre acharam muito legal e me apoiaram a seguir meu sonho.


No que você acredita?

Ju: Eu acredito que é muito importante a gente se divertir nessa vida. Que é importante que essa diversão respeite limites também e que não desrespeite outras pessoas. Claro que as responsabilidades existem, mas pra mim o equilíbrio entre responsabilidades e diversão é muito importante.


Ca: Acredito em muitas coisas, mas uma crença que me rege é o conceito de que independente das nossas circunstancias, temos o poder de ressignifica-las e dar outro tom para nossas experiencias.


Como você se vê daqui a dez anos?

Ju: Eu não faço a mínima ideia haha. Inclusive tenho até evitado um pouco pensar sobre isso, tenho focado bastante no presente, em fazer o que me faz feliz no presente.


Ca: Pensando no meu estilo de vida e família, seria bem semelhante ao que tenho agora, mas com um família um pouquinho maior. Conseguindo balancear meu tempo entre tempo de qualidade em família e minha produção artística. Porque eu sempre me vejo produzindo algo, nem sempre tenho certeza do que… não tenho certeza se continuaremos tão focadas em murais por exemplo. Mas independente do como, com certeza me vejo com alguma produção artística pro resto da minha vida.


Seu trabalho tem te feito feliz?

Ju: Sim! Bastante! Claro que no dia a dia a gente cai na rotina e como qualquer trabalho cansa, nos deixa desmotivado e etc. Mas é só me afastar um pouco pra observar que eu não poderia estar mais feliz com as escolhas que eu fiz que me trouxeram até aqui com o trabalho que faço hoje.


Ca: Acho que no geral sim. Como qualquer trabalho, ele cansa, e tem partes não tão agradáveis. Mas é um trabalho que me permite ser artista e ao mesmo tempo ter tempo para viver a minha vida com a minha família com que gostaria. Em algumas fases me sinto menos ou mais motivada e animada. Mas uma característica ótima no nosso trabalho é que ele é muito dinâmico. Então ele permite diferentes experiencias, e isso dá uma boa renovada nos ares. Gosto muito disso.


A situação mais complexa que você já se encontrou (profissionalmente falando).

Ju: Difícil pensar em só uma. Acho que pra mim as vezes é difícil acreditar que eu dou conta de algo novo. A gente fica bem confortável fazendo aquilo com que já estamos acostumadas, mas nosso trabalho sempre traz desafios novos, seja criativamente ou fisicamente mesmo(como os trabalhos em grande escala e as alturas rs). Então acho que pra mim é sempre complexo acreditar que eu dou conta de algo novo e fora da zona de conforto.


Ca: Desencontros com o cliente sempre me deixam muito nervosa. Teve uma vez que fomos fazer duas paredes em dois comércios em Porto Alegre e quando estávamos pegando o avião descobrimos que na verdade era apenas uma parede. O cliente não tinha explicado direito, não precisávamos ter fechado hotel pra tanto tempo por exemplo. Foi muito estressante. E o cliente dificilmente vai assumir o erro, se torna uma situação muito delicada.


Pelo que você se sente mais grato na vida?

Ju: Eu me sinto muito grata por poder viver do meu trabalho artístico. A gente sabe o quanto é raro, quantos amigos nossos não tiveram essa possibilidade e acredito que é um baita privilégio isso que nós vivemos. Então sou muito grata a todas as pessoas que apoiaram e acreditaram, a todo o nosso trabalho duro e às oportunidades que a vida nos trouxe.


Ca: Com certeza me sinto grata por poder viver bem com meu marido, meus filhos e meu cachorro. As vezes temos algumas dificuldades ou problemas, mas temos uma vida confortável e cheia de boas experiencias. Não posso pedir nada mais do que isso. O fato de alem disso tudo, eu ainda poder trabalhar com algo que eu gosto e tenho talento, é literalmente um dadiva. Sou muito grata mesmo.


Qual é o objetivo mais importante alcançado em sua vida?

Ju: Dos objetivos que eu já alcancei, acredito que foi pintar um mural na Armênia. Eu sou descendente de armênios que vieram para o Brasil fugindo do genocídio que aconteceu em 1915. Eu estudei em escolas armênias a vida toda, cresci dentro da comunidade, mas nunca tinha tido a possibilidade de ir até lá. Quando essa possibilidade surgiu, veio junto com ela o convite para pintar um mural bem grande em um pequeno vilarejo de lá e com certeza foi o trabalho mais emocionante que eu ja fiz devido a toda a carga sentimental que havia ali.


Ca: Vou ficar repetitiva, mas ter uma família com certeza. Eu sempre sonhei em poder trabalhar com arte mas ainda sim poder passar bastante tempo em casa com meus filhos, e eu consegui isso. É claro que nem sempre é balanceado mas eu realmente consegui unir os dois, e isso me deixa muito realizada.


Dada a escolha de qualquer pessoa no mundo, quem você gostaria de ter como convidado para jantar?

Ju: Nossa, eu não sei responder! Haha. Até porque tem muitas pessoas que eu admiro, mas que não sei se renderiam um bom papo pra um jantar haha. Mas se pudesse ser alguém que já morreu também acho que escolheria o David Bowie.


Ca: Acho que eu escolheria jantar comigo mesmo, porque acho que é uma forma de eu ter uma conversa completamente sincera e conseguir enxergar as minhas próprias hipocrisias. Acho que seria uma experiencia bem reveladora.


Você tem um lema pessoal que acaba sendo a forma de você lidar com as coisas?

Ju: Não tenho uma frase pronta, mas acho que sempre tento me lembrar de viver o presente, um dia de cada vez. Sempre fui muito ansiosa e se eu não ficar esperta acabo vivendo o presente pensando no futuro.


Ca: Não chega a ser um lema, mas quando estou em algum momento difícil, sempre me projeto pro futuro. Nesse futuro me vejo olhando para trás para essa situação e pensando como eu consegui resolver bem, ou como não era tão importante assim. Na verdade faço isso até em momentos bons, me imagino tendo lembranças desse momento no futuro. Isso me traz perspectiva e me ajuda muito.


O que você acha ser a melhor coisa do Brasil e a pior?

Ju: Vou ter que escolher duas melhores coisas hehe. Eu gosto muito dos brasileiros, acho que a melhor parte do nosso país é o povo mesmo. Não tenho vontade de morar fora daqui justamente por isso, gosto do acolhimento, dos sorrisos. A segunda coisa pra mim é a cultura! Gosto muito da cultura brasileira, as músicas, danças, filmes, artesanatos, manifestações culturais de diversas formas sendo antigas ou contemporâneas.

O pior do Brasil pra mim é a desigualdade social que vivemos, acho que nosso povo é alvo de políticas públicas excludentes e que desvalorizam uma grande parcela da nossa população


Ca: Eu amo as pessoas do Brasil. Gosto muito da nossa cultura e do nosso jeito. Acho que é um país muito receptivo, e sempre sinto falta quando estou longe. Acho que a pior é a pobreza mesmo. É muito triste e revoltante viver em um país em que tanta gente não tem nem o básico.


Você teve que fazer muitos sacrifícios para chegar onde está agora? O jogo valeu a pena?

Lanó: Acho que o que tivemos que sacrificar foi a segurança de ter um trabalho fixo com todo o conforto financeiro que ele pode trazer. Nós demoramos dois anos pra largar nossos trabalhos principais e ficar apenas com a Lanó. Tivemos momentos de muito incerteza, muito aperto financeiro, até porque tínhamos que ganhar o suficiente pra manter duas pessoas. Hoje em dia a situação está muito mais tranquila, porém essa insegurança sempre permeia nosso trabalho, nós nunca sabemos como serão os ganhos do mês seguinte.


Explique a sua arte em uma frase ou, melhor ainda, em uma palavra.

Manifestação.


Qual você considera a sua melhor obra / projeto?

Com certeza o projeto que mais nos fez sentir realizadas foi a empena que pintamos na Barra Funda. Era um prédio de sete andares e pintamos todas as partes de empena cega do prédio, como se nossa arte o envelopasse, onde não tinha janelas tinha arte. É muito louco ver nossa arte tomando essas dimensões e aprendemos muito com todo o processo que vai muuuuito além do que só criar a arte e pintar. Além disso é muito legal ver a nossa arte impactando no horizonte da cidade.


Como você se reinventa nesse mundo de constante mudança?

Acho que é sempre importante estudar, não apenas da maneira formal como em cursos e etc. Mas de fato pesquisar sobre as áreas que te interessam e ir experimentando novas possibilidades. Acredito que experimentação é a palavra chave para se reinventar.


O que você acha das funções das galerias de hoje?

Acho que elas têm sua importância no cenário artístico, porém nós não trabalhamos com nenhuma galeria. Achamos importante existir um mercado artístico que seja independente de galerias também, em que cada artista consiga ser responsável por suas próprias vendas, produções e que o público consiga ter um acesso direto a tudo isso. Mas sabemos que a realidade é outra então as galerias acabam tendo um papel muito importante para diversos artistas.


O que você acha um artista não deveria fazer nunca?

Copiar o trabalho de outros artistas haha.


Se você quer dizer algo além das perguntas, que você gostaria fosse parte da entrevista, pode adicionar tudo que quiser aqui.

Não querendo puxar saco, mas já que estamos aqui, achamos legal acrescentar o quanto é bom para o artista trabalhar com um produtor que leva seu trabalho a sério. É muito bom saber que estamos trabalhando com alguém que está correndo junto conosco, lutando para que tenhamos as condições de trabalho ideais e que cuida de toda a parte burocrática para que nós só tenhamos que nos preocupar com a parte artística.


Arte da capa: foto cortesia das artistas Lanó e design da Giulia L.Lupo.


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